Metas do Protocolo de Kyoto serão ignoradas sem ajuda dos EUA

da Reuters, em Nova Déli
O mundo pode não cumprir as metas de corte na emissão de gases do efeito estufa acertadas em um acordo de 1997 se os Estados Unidos, maior poluidor do planeta, não reduzirem as emissões em seu território, afirmou hoje uma autoridade da Organização das Nações Unidas (ONU).

"Se olharmos para as políticas atuais adotadas pelos EUA, é improvável que as metas de (Protocolo de) Kyoto sejam cumpridas", disse Joke Waller-Hunter, secretária-executiva do secretariado da ONU para mudanças no clima.

O Protocolo de Kyoto, assinado em 1997, pretende reduzir até 2012 em 5,2% a emissão de gases que provocam o efeito estufa no mundo desenvolvido, em relação aos níveis registrados em 1990.

Mas os EUA, os maiores poluidores do planeta, recusaram-se a ratificar o acordo, criticado pela superpotência por não obrigar os países em desenvolvimento a adotarem metas para o corte na emissão.
O país também afirma que medidas nesse sentido seriam prejudiciais à economia norte-americana.

Waller-Hunter, que está em Nova Déli (Índia) para um encontro de dez dias sobre as mudanças no clima, também disse que nem todos os países signatários do acordo caminhavam rumo ao cumprimento das novas metas de emissão assumidas.

Segundo a autoridade, era fundamental manter as portas abertas para os EUA, a serem incluídos no acordo futuramente.
Para entrar em vigor, o Protocolo de Kyoto precisa ser adotado por países que respondam por ao menos 55% das emissões de gases do efeito estufa verificadas em 1990.

Sem os EUA, o pacto naufragará caso a Rússia desista dele. Mas o governo russo deu apoio ao tratado e afirma que o ratificará neste ano, o que garantiria sua validade.
Origem: Folha online 2002